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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Político que se digne não pede desculpa

O ministro das finanças já veio dizer que se arranjará uma forma da malta que teve o azar na vida de só receber 12 meses (ay mi vida) contribuir para o descalabro das contas nacionais. A prática política, penso que desde… sempre, é a oposição tentar humilhar o governo vigente apontando as clamorosas falhas do vital documento orçamental quando apresentado. Tem acontecido sempre e os partidos que agora governam fizeram-no de forma particularmente vincada. Só ficaria bem a este governo pedir desculpa pelas falhas, tão precoces, e cujas injustiças eram de uma enormidade ofuscante.

Por outro lado, percebo que, tal como nos meios académicos, de gestão, políticos… enfim, de topo, o pedido de desculpas não consta do protocolo! Esta questão é uma mera regra de educação para o povo, gentio, enfim, pessoal de baixa auto-estima.

Assim, já não é nada mau o ministro vir afirmar que alguma coisa irá ser feita! É uma frase importante, cheia de conteúdo e rigor nas propostas.

O Senhor presidente da república, de cujas funções faz parte, em particular, a leitura de uma série de notícias previamente selecionadas por um séquito de leitores sagazes (também pagos pelos nossos impostos… aquela parte dos impostos que não é usada para equilibrar coisa nenhuma), afirmou que "há limites para os sacrifícios" e que o Orçamento do Estado de 2012 tem "falta de equidade fiscal", referindo-se à suspensão dos subsídios de férias e de Natal.

Equidade? Lembram-se de termos falado nisto… já num passado longínquo. Pronto, aí está o que já supúnhamos desde tempos imemoriais! São precisos orçamentos de mais de 20 milhões de euros anuais para alguém fazer uma afirmação desta profundidade…mas, pelo menos, de forma a produzir algum tipo de efeito, é claro… porque 20 milhões sempre são 20 milhões...

Na realidade, disse que o corte dos subsídios de férias e Natal aos funcionários públicos e pensionistas constitui uma "violação do princípio básico de equidade fiscal" e que os sacrifícios exigidos já terão sido ultrapassados no caso dos pensionistas.

E pergunto eu, ingenuamente, claro está: mas, afinal, porque é que não seremos todos nós, já, hoje, presidentes da república?

A referência do presidente da República à ultrapassagem dos limites é um recado direto ao Governo: é preciso colocar um travão aos sacrifícios que estão a ser exigidos aos portugueses. Daí que tenha causado mal-estar no Executivo de Passos Coelho e, inclusive, entre "barões" do PSD, para quem o chefe de Estado proferiu um discurso "pouco recomendável" e que acentua o "perigo de dividir funcionários públicos e privados". Há mesmo quem considere que as declarações podem abrir caminho a uma "rutura" entre Cavaco Silva e o Governo.”

Há, no texto anterior, uma série de aspetos que me preocupam seriamente:

Mal-estar no executivo de Passos Coelho. Querem ver que, ofendidos, os governantes também irão fazer greve? Tipo: na próxima semana não governamos, toma lá! Depois não digas que a culpa é nossa.

Barões do PSD: como diria um amigo meu brasileiro: com esta magoei! Barões? Sabem o que significa Ministro? Servidor. Aquele que serve o povo. E ponto final. Os barões ficam lá ao longe, no Batalha! Não constam do conceito. Aliás, a existirem, deveriam ter acompanhado, ou até substituído com vantagem, os Jesuítas nos tempos do Marquês de Pombal… pois, infelizmente, alguns desses seriam bem mais necessários do que esta amostra deprimente e desusada de pandilha. Do ponto de vista literário, perdoem-me a soberba, barões, ganancia, especulação, enriquecimento ilícito, crises mundiais de dívidas soberanas, etc.. chama-se PLEONASMO o que, traduzindo por miúdos, é tudo a mesma coisa. Por falar da necessidade recorrente do nosso mundinho ocidental recriar uma sociedade indiana de castas, penso que é tempo desta nova malta, das redes sociais, começar a esboroar estes raciocínios tão perversos e, no entanto, impregnados nos ditos barões e candidatos lunáticos a. Vejamos da seguinte forma: se os importantes barões obtiveram tanto sucesso num mundo tão claramente injusto e errado, então alguma coisa não está bem com eles, ou seja, se eu sou dos que se dão bem no campo de concentração, algo está errado comigo!

Discurso pouco recomendável: frase típica… de um passado distante: afinal ele vive… Salazar anda por aí.

Perigo de dividir funcionários públicos e privados: quem terá sido o mentecapto que se lembrou disto? Agora? É verdade que estamos quase perante uma guerra de dimensões épicas entre estes dois tipos de funcionários, mas isso decorre diretamente do miserável orçamento 2012 e não porque a senhor PR disse umas palavrinhas para ajeitar as sondagens relativas aos seus índices de popularidade.

Por fim: “rutura entre Cavaco Silva e o Governo”. Já diz o povo que há males que vêm por bem: talvez o próprio governo que foi apadrinhado pelo homem de Belém, comece finalmente a pensar se não seria de incluir, num destes difíceis e complicados orçamentos, o corte da figura presidencial? Olha a poupança que não era?