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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sabemos hoje que…


Sabemos hoje que os cortes no subsídio de férias e de Natal dos funcionários públicos e pensionistas foram anulados pelo afundamento nas receitas do IVA. Isto é, o exercício de infligir o pagamento da crise a alguns milhões de portugueses, especificamente diferenciados de uma forma que revela claramente a ideologia xenófoba de quem assim decidiu, não deu em nada.

Assim, a sublime ideia de taxar a “escandalosa fortuna” dos funcionários públicos e pensionistas deixou exposta uma evidência natural sobre o atual governo: pose de seriedade, pose de competência, pose de conhecimento, pose de superioridade moral sobre adversários políticos, pose de eficiência, … pose, pose, pose e nada mais!

A austeridade cega, e por isso mesmo incompetente, injusta, resultou em contração económica, pelo que as receitas converteram-se alegremente num balão cheio de ar e pouco mais. Penso que qualquer ser vivo razoavelmente pensante entende esta equação: se roubamos o pouco que as pessoas têm, elas não pagam com o que não têm. Não fazem despesa; pagam menos impostos. Por um daqueles azares, certamente resultante de uma mais que improvável conspiração maléfica do universo, ocorreu que apenas os membros do atual governo português não se aperceberam desta realidade comezinha.

Acrescentemos mais alguns ingredientes à mistela. Vejamos o que aconteceu com o endividamento deste país no espaço de um ano.

2.      Nas empresas, a dívida cresceu 1,6 mil milhões de euros. OOOOPPPSSS!!!!
3.      No sector ESTADO – administrações e todas as empresas públicas – gerido e/ou tutelado pelo nosso eficiente e sério governo, a dívida cresceu, derrapou, 6,9%. O que, bem feitas as contas, derrete, deita a perder  e ultrapassa a redução efetuada pelas famílias. Quem diria?

De onde veio a real poupança? Das famílias.

As empresas portaram-se bem? Têm a desculpa do jugo contributivo que recai sobre si.

Quem derrapou? Num ano, a dívida das entidades públicas aumentou em 16 mil milhões de euros. Contenção? Só se for a nova piada de Verão!

O que acontecerá face a estes números? Nada. Os governantes continuarão a asnear, a beneficiar de regalias que fariam corar os governantes de qualquer país rudimentarmente civilizado, e a fermentar a sua rede de contactos e apetitosos negócios. As empresas gerarão lucros suficientes para que os patrões possam continuar a atualizar os seus carrinhos alemães (conter mas nem tanto) e o povinho continuará a ser levado na curva…

Eis os números da dívida da economia portuguesa:

Famílias: 100% do PIB;
Empresas: 185% do PIB;
Sector público: 148% do PIB.

Na totalidade, a economia portuguesa deve 430% do PIB, sendo que a única redução digna de registo no último ano deve-se exclusivamente às famílias.

Comentemos, então, a competência e a moralidade destes ilustres governantes… em forma de QUIZ:

Competência:

Empregaria algum patrão uma malta que, ao fim de um ano, produzisse tão deslumbrante variação de números na sua empresa? Sim, mas apenas em caso de ebriedade profunda, comatosa e irreversível! Sim, mas apenas para beneficiar dos expedientes imorais de todos os políticos que inevitavelmente desaguam no sector privado porque entregam, de mão beijada, negócios com o estado… e podem fazê-lo pois eram eles que geriam o estado ainda na véspera.

Moralidade:

(1)   Contenção e cortes - o que foi feito quanto às regalias e mordomias de políticos e gestores que viviam, vivem e viverão sempre abusivamente ricos num país abusivamente pobre?
(2)   Moralidade? Qual o nome da figura pública envolvida no processo vergonhoso das viagens dos deputados? Enrolada num escândalo de pressão sobre a impressa e “ilibada” por uma pandilha que dá por nome de ERC? Enterrada até o tutano no caso das secretas? Licenciada no processo académico mais abjeto de que há memória e que, por justa causa, eleva o Eng. Sócrates a Doutor Honoris Causa? Figura que continua no ativo, como se nada fosse, como se o país fosse apenas habitado pela Alice e o seu inseparável coelhinho branco? Figura relativamente à qual o corretíssimo e impoluto atual primeiro-ministro apresenta uma “adição” cuja solução não pode, infelizmente, ser encontrada em nenhum consultório de psicanálise de que haja conhecimento ou em qualquer outro fórum dedicado a este tipo de handicaps?

Aguardo num estado de excitação incontrolável a rentrée dos magnânimos líderes do PSD e PS (digo, jotinhas) pois estou certo que é desta que virá a lume, certamente, a solução dos intrincados problemas da nação!