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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O Imbatível Professor Marcelo

Esclarecimento prévio: em momento nenhum ponho em causa a inteligência, memória e capacidades, em geral, do Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Relativamente a este assunto, direi, da forma mais honesta possível, que sou minúsculo perante alguém da sua estatura. Considero-me genuinamente apenas mais um português que ouve e, umas vezes, tem vontade de rir, outras, muitas, nem por isso.

No entanto, também devo confessar que me assaltam algumas dúvidas sobre a dignidade de um político que para ser focado pelas câmaras de televisão numa campanha eleitoral, atira-se de calções de banho para o Tejo... talvez não seja o tipo de pessoa com quem me apetecesse tomar uma cervejinha ao fim da tarde.

Neste contexto quero começar por dizer o seguinte: Os grandes disparates muito provavelmente, não são ditos nem feitos por gente mediana, mas sim pelas mentes brilhantes com ideias particularmente iluminadas.

Por outro lado, acredito com grande naturalidade que antes de comentador, o Professor é do PSD, antes de Professor, o Professor é do PSD… suspeito mesmo que, antes de nascer, já o Professor era do PSD: o que me leva a concluir que a sua inteligência não é utilizada de forma livre e criativa, mas sim condicionada por esta fraqueza pessoal: o seu intrínseco partidarismo, clubismo, chamemos-lhe assim.

Recordo-me, por exemplo, já noutras eras, de ouvir o Senhor Professor oferecer-se pessoalmente para dar uns conselhos ao então líder do PSD, Luís Filipe Menezes – isto num espaço televisivo de comentário. Enfim, achei que era uma nota um pouco dissonante… mas aquilo também não era propriamente uma sinfonia.

Ouvi na TVI o professor Marcelo assumir que a forma como o Presidente da República tem falado ao país «tem sido desastrosa» - claro, prejudica-lhe o partido e o governo.

Disse que Governo devia «tratar melhor» os funcionários públicos. Tal como, «melhorar a sua política de comunicação para não criar divisões entre os portugueses». É claro, até agora, o governo só tem tratado mais ou menos os funcionários públicos, por isso é que devia "tratar melhor". E melhorar a comunicação para lhes dizer o quê? Caríssimos concidadãos comprem só meio peru neste natal e para o ano que vem vão às galinhas do vizinho? Não sei! Ele lá terá a sua ideia.

Quanto à posição socialista achei notável o Professor dizer que este partido deveria ter dito, logo à partida, que se absteria na votação do orçamento (não votaria contra)... mesmo antes de o conhecer. É esta superioridade intelectual que é difícil alcançar no Professor. Atenção: a mim pouco me interessa o que anda por aí a fazer o PS nos dias que correm e muito menos o seu líder extraído a fórceps. O meu objetivo é unicamente divagar sobre a ondulação intelectual do Professor Marcelo.

Sobre o ministro da economia disse, ou melhor, repetiu sem qualquer originalidade o que já tem sido dito: tem um ministério ingovernável por isso certas críticas que lhe são dirigidas pecam por injustas. Certo. Mas esqueceu-se de perguntar: quem apareceu com o slogan de fundir ministérios, racionalizar, emagrecer o governo? Terá sido um certo Passos Coelho e Amigo desaparecido em negócios no estrangeiro? Pois é, as teorias populistas permitem ganhar eleições mas é pena que não tenham grande utilidade para governar países... e aqui vai um pequenito esquecimento para o Professor.

A caminho do mesmo vai o ministério da agricultura e, aí, é que suspeito mesmo que Paulo Portas afundar-se-á num dos seus maravilhosos submarinos. Porque eu até nem conheço pessoalmente o referido ministro, mas não duvido que muitos agricultores lembrar-se-ão das suas ideias insistentemente repetidas sobre o tema, que lhe era tão caro!

Disse que Khadafi “sabia demais” razão pela qual não podia ficar vivo. Não entendi bem, mas, a mim também não me daria prazer nenhum estar de férias numa praia do Algarve e aperceber-me de que este indivíduo andaria lá por perto… portanto, sem comentário. Ainda estou a uma distância muito grande daquele estado em que a grandeza de alma tudo perdoa.
 
Disse alguma coisa relevante sobre os dois mal subsidiados do governo? Lá está, jogam todos na mesma equipa.

Acho que só a criatividade pode encontrar soluções neste mundo tão deturpado em que existimos - não "as inteligências", pois foram certamente pessoas muito inteligentes que nos conduziram a isto. E não falo de criatividades doentias ou delirantes. Acho que a verdadeira criatividade ocorre naturalmente quando as inteligências ficam desenraizadas de clubismos e de outros condicionamentos. A "inteligência condicionada" não é uma verdadeira inteligência mas sim uma capacidade de verborreia argumentativa, inútil quanto à resolução do problemas concretos.