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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Apenas uma sugestão assumidamente louca

Há dias que nos destroem a alma, ou o que nos resta dela (o que, por outro lado, é estranho, porque nesses dias, nem acreditamos tê-la)! Hoje é um desses dias.
É nesta perspectiva que vou dizer algumas palavras sobre a proposta de Manuela Ferreira Leite sobre as alternativas ao OE 2012. Teve, pelo menos, uma atitude contrária à de Miguel Beleza, quando lhe foi perguntado se havia alternativas a este orçamento. Respondeu, enfadado, que não se lembrava de nenhuma melhor. E porque haveria ele de se lembrar? Para quê tamanho esforço intelectual? O homem está rico, porque é que se há-de dar ao trabalho? Este sistema, que se aproxima perigosamente do abismo, como nos dizem todos os dias, foi financeiramente positivo para ele! Deixa andar - deve ser o princípio basilar da existência desta personagem.

Disse Manuela Ferreira Leite que havia alternativas: a saúde, a educação, etc.. seriam pagas... por quem pode pagar. O princípio parece sempre bom e entraria dinheiro. A experiência passada mostra que a prática pode ser calamitosa - alguém se lembra de filhos de riquíssimos empresários que tiveram isenções de propinas no ensino superior? Pois eu lembro-me... tão bem, como se fosse hoje!

Ainda assim, uma contribuição de uma voz mais que reconhece as injustiças vergonhosas deste orçamento.

Como estou num destes dias em que tudo se assemelha estranhamente a um quadro surrealista em tons escuros, atrever-me-ei a dar uma sugestão, utópica, bem sei:

Convido todos os portugueses que têm bens em ouro (basta que seja apenas ouro), e que não estão em situação desesperada de ter que o vender para sobreviverem, a entregarem-no no banco de  Portugal... a bem das contas da nação. Parece-me uma solução equitativa: quem é pobre pouco ouro tem e por aí adiante.

Deixemos as alianças e os aneis de noivado de parte por razões justificadamente sentimentais.

Vejam bem, já imaginaram quanto ouro os milhões de portugueses armazenam, sem qualquer uso ou utilidade, em milhões de caixinhas só porque... sim!

Sem ele, não teríamos menos conforto ou qualidade de vida nos nossos lares: isto numa lógica de raciocínio normal, não doentio ou de posse avarenta.

Enfim, se calhar, equilibrávamos uma série de contas e, talvez, daqui para a frente, pudéssemos viver de forma menos gananciosa, mais saudável.

Uma sugestão "ainda pior": proibir a existência de ouro no país. Era acabar com os negócios de aproveitadores desavergonhados que grassam nos dias de hoje e que sacam aos que precisam desesperadamente de vender, acabar com este desporto que começa a ser quase diário dos assaltos violentos a ourivesarias, etc..

Enfim, UTOPIAS! Também prometi, desde sempre, que escreveria sem preocupações de rigor científico. Mas pelo menos não roubavam 500€ a pobretanas que recebem pouco mais do que isso por mês.

Talvez que a solidariedade humana morra no exato momento em que temos de perder efetivamente alguma coisa, um bem material, seja o que for... por outro lado, há muito que deveríamos ter admitido que dar o que temos a mais nem se pode chamar de solidariedade, quando muito, limpeza, despejo, desinfestação!