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sábado, 24 de março de 2012

Porque haveria eu de votar? Ou a história de um descontentamento crónico!

… mas… e que tal se os portugueses, acometidos por uma estranha e súbita iluminação, decidissem pura e simplesmente não votar em partido nenhum?

No entanto, eu votaria!

Votaria no partido que decidisse que toda a função pública teria uma única tabela salarial – políticos e demais classes PRIVILEGIADAS – incluídas… e que a distância entre os vencimentos mais altos e os mais baixos deixasse antever que a solidariedade social é um valor mais elevado do que quaisquer ganâncias pessoais. Na Suécia muitos políticos recebem o ordenado do seu trabalho (não político) e, para SERVIREM o povo, através da sua atividade política, recebem uma GRATIFICAÇÃO. O primeiro-ministro tem direito a uma casa sem empregados, sendo ele próprio que a arruma e limpa… parece que isto acontece num outro planeta, não é verdade? Pois esta sensação só torna evidente o grau zero da honestidade / caráter da malta que nos governa.

Votaria no partido que decidisse não haver regimes ELITISTAS, digo especiais, para certas classes profissionais, seja no sector da saúde ou noutro qualquer.

Votaria no partido que acabasse com ajudas de custo, benesses, regalias e todos os subterfúgios que existem unicamente para criar Auto benefícios, etc.. Acabaria com os cartões de crédito que possibilitam comprar com o dinheiro do estado: O NOSSO DINHEIRO. Ora, novamente na Suécia: uma vice-primeira ministra é demitida por ter comprado um Toblerone com um cartão de crédito do estado… assim, penso que estamos razoavelmente conversados quanto à dimensão da calamidade incessante que ocorre neste país. Seguramente, não temos gente SÉRIA, com espírito de serviço público, de missão, com uma postura socialmente equilibrada, justa, solidária. Temos governantes que, para mandarem no país, não precisam de apresentar qualquer currículo que deixe perceber que são suficientemente competentes para o cargo.

Votaria no partido que acabasse com as frotas de automóveis para quem quer que seja. Um trabalhador que ganhe o ordenado mínimo se quiser ir trabalhar num transporte seu terá de o comprar - claro que em 12ª mão – e pagar a baratíssima gasolina que temos. Porque é que os políticos, que ganham N vezes mais do que essa miséria (e N é um número gordo) ainda precisam que os nossos impostos lhes paguem os carros alemães de luxo, a gasolina e os motoristas? Deve ser por isso que os tais alemães apelidam os povos do Sul da Europa de Esbanjadores… por lhes comprarmos os artigos de luxo (e podem incluir os submarinos no pack).

Votaria no partido que acabasse com as forças armadas (e nos seus gastos pesadíssimos e inúteis) tais como elas são e as transformassem em forças de elite de número muito mais reduzido e com custos infinitamente inferiores… sem haver necessidade de gastar milhões para comprar um submarino para meia dúzia de mecos andarem a se divertir lá em baixo… e tudo o resto. Com o orçamento desta atividade inútil – porque CLARAMENTE NÃO PRODUTIVA e, pelo contrário, DELAPIDANTE - quantas atividade produtivas poderiam ser financiadas? Projetos tecnológicos e científicos inovadores, etc..

Votaria no partido que tivesse a capacidade de entregar as terras “e o mar” a quem o sabe explorar, criando condições para que essa riqueza se tornasse efetiva no nosso país, diminuindo dependências e criando postos de trabalho.

Votaria no partido que não vendesse as nossas empresas ESTRATÉGICAS e LUCRATIVAS a interesses estrangeiros (numa atitude de “traição nacional” ainda se vangloriam de ter recebido muito dinheiro com esses “bons negócios”). O país futuro não é destes incompetentes mas são eles que o hipotecaram para as gerações futuras. Por exemplo, tentem comprar uma empresa em determinados países e perceberão o absurdo que é o princípio da reciprocidade nesta área: Portugal está à venda, para TODOS os interessados, mas Portugal terá muitas dificuldades de adquirir interesses em muitos dos países que nos estão a comprar de forma sistemática, reduzindo a nossa soberania a uma questão meramente semântica!

Votaria no partido que acabasse pura e simplesmente com a inútil, dispendiosa e patética instituição da presidência da república. Se fizermos a contas a quantos trabalhadores pagaríamos um ordenado mínimo só com o dinheiro da jantarada oferecida à carente nobreza inglesa… por pouco que sejamos sensíveis, o número terá de ser chocante… mas a sangria orçamental é diária! Por absurdo que seja, a república pretende com este cargo inútil copiar aquilo que é a nobreza e até coloca esta malta nos próprios palácios que eram da nobreza. Fica mal. Desta forma só podemos concluir que os mataram, não porque a instituição fosse podre mas porque tinham uma inveja doentia e quiseram simplesmente ocupar os seus lugares… aliás, o facto de os matarem demonstra claramente o grau de loucura do movimento. Trata-se novamente da velha história do triunfo dos porcos, continuamente repetida por uma humanidade incapaz de sair de um padrão de elitismos, apego ao poder, injustiça e ausência de verdadeira solidariedade social.

Votaria no partido que impusesse limites aos rendimentos de TODOS: públicos e privados… pela simples razão de que os limites existem necessariamente num mundo real, limitado por definição! Não é concebível que alguém possa ganhar fortunas incomensuráveis ainda que se esconda atrás do argumento de ser “PRIVADO”: argumento nulo. Ser privado é o quê? A chave de Pandora que abre as portas do infinito até ao ponto de permitir que milhões de seres humanos morram à fome enquanto uma meia dúzia, cega pela ganância, passeia placidamente em luxuosos iates que, de outra forma, poderiam significar a possibilidade de muitas crianças poderem, ao menos, viver? Uma das primeiras definições dadas em economia fala de gestão de recursos escassos. Ora, no atual mundo sobrelotado esses recursos são ainda mais escassos: então, por uma questão meramente ECOLÓGICA, de preservação da espécie, se assim quiserem, não é possível afetar a apenas alguns recursos de uma dimensão pornográfica, com a agravante de que isso implicará a miséria de muitos: no fundo, é um simples esquema de pirâmide que, tanto quanto sei, até é proibido por lei. O objetivo dos privados será o lucro. MAS, por uma questão de saúde pública, a função do estado também passa por tomar medidas que contrariem a obesidade mórbida de alguns.

Votaria no partido que tivesse a coragem de simplificar os procedimentos da justiça; que acabasse de vez com a possibilidade vergonhosa dos incessantes recursos interpostos durante os julgamentos, com todas as formas que fazem com que os poderosos tenham a possibilidade de arrastar processos até a sua prescrição enquanto os “desgraçados” são condenados na hora por roubarem 2 tostões. Um estado e um sistema de justiça só serão dignos quando a justiça não for forte para os fracos e fraca para os fortes. Ora, é rigorosamente isso que se passa neste país.

Votaria no partido que fizesse uma lei que permitisse que votássemos em pessoas para governar. Gente que exporia publicamente os seus currículos e, tal como se tratasse de uma entrevista para emprego, os portugueses avaliariam os currículos e decidiriam quais os mais indicados. A filiação partidária morreria… pois votar em partidos é votar em nada. Um partido não governa, não toma decisões, fundamentalmente, NÃO É NADA! E quando votamos num partido nem sabemos em quem votamos: conhecemos apenas uma cara… as outras são uma “agradável” surpresa que vem no ovo Kinder.

Posto isto, sendo pragmático, afinal nunca poderei votar.