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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Eterníssimo Fado


"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más:- mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura."

Eça de Queirós (em 1891)

Como diria o saudoso Fernando Pessa, “E esta, hein?”

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Economia de mercado (na realidade, o mercado das almas)

Alguns reparos iniciais:

1. Vou reescrever o subtítulo deste blog: "Discurso livre, sem método ou critério...". Este subtítulo não foi colocado por acaso. Assim, tudo o que escrevo está imbuído deste "espírito" CASUAL, o que se aplica com precisão milimétrica ao texto que se segue;
2. Não percebo rigorosamente nada de economia; simultaneamente não consigo evitar a constatação óbvia do desastre planetário a que os SOFISTICADOS sistemas democráticos/económicos conduziram.
3. O título do presente texto é enganador. Não pretendo escrever sobre mercados livres, economia ou seja lá o que for.

Assim sendo, aqui vai (desculpem qualquer coisinha):

Odeio os mercados livres! Ok, bem sei que não é sentimento digno, que revela um estado de desenvolvimento espiritual manco... mas, nem que seja  por desabafo, odeio mesmo esta engrenagem produtiva, enferrujada, em que se transformou a humanidade.

O sistema que sobreviveu à queda do muro alemão é uma desgraça; uma vergonha de dimensões escandalosamente épicas; uma autêntica trave nos olhos de cada ser vivente. Do sistema que caíu nem vale a pena falar pois caíu, desapareceu e ainda bem. Só que o raciocínio miserável, básico e primário que tantas vezes tem guiado a espécie veio novamente ao de cima nesta situação: se aquele não era bom, este é que é! Não pode haver maior mentira do que esta. Por exemplo, a nossa democracia é uma fraude, somos diariamente roubados por aqueles que nos representam e pelos que nos governam. No entanto, este facto não faz com que o nosso amigo Salazar seja um ser angelical que povoa as camadas superiores da existência espiritual. Não tem nada a ver!!!!

O comunismo caiu e era verdadeiramente uma M****, com direito a prova científica e tudo. Este facto, no entanto, não valida o capitalismo que prosseguiu. São coisas distintas e, infelizmente, têm um ponto comum: conduzem os povos à desgraça - outra coisa não seria de esperar quando o elemento humano lava as suas mãozinhas de responsabilidades e entrega os destinos do mundo a um conceito: capitalismo, mercado livre, democracia ou seja lá o que for. Aliás, este ato de entrega já traz consigo a promessa mal disfarçada de tudo ser permitido aos mais poderosos enquanto a massa humana restante, para poder existir, deverá ocupar o período exacto de uma vida num regime de trabalhos forçados, assegurando que a produção daí resultante contribua para o paraíso material dos primeiros.

Com tudo isto, fomentamos um mundo de desequilíbrios delirantes entre seres supostamente semelhantes, escavacamos os tais recursos limitados, promovemos e publicitamos a necessidade da inveja, da ganância, crescemos intelectualmente e definhamos emocionalmente... espiritualmente nem se fala... dito assim, parece mais o retrato de crianças inconscientes - e muito exigentes - em corpos de adultos. 

Resumidamente, os nossos mercados livres - esse conceito assimilado pelos putos lá para a casa dos 30, cheios de ganância e amplas capacidades para a porem em prática - conduziram a humanidade, o planeta e tudo o que por aqui anda, a uma situação que descreverei, de forma ligeira, como "INJUSTIÇA MONSTRUOSA".

As questões económicas, ambientais, sociais, humanas, etc.. do mundo de hoje, vistas com distanciamento e isenção, espelham o fracasso total de uma humanidade sem sentimento, alma ou algum tipo de grandeza digna de registo... 

Enquanto estive para aqui a divagar muita gente morreu à fome e algumas pessoas, bem menos, deram uns mergulhinhos simpáticos dos seus iates para as águas cálidas de uma baía paradisíaca: frase básica, demagógica, sem dúvida... mas horrivelmente verdadeira!