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sábado, 5 de novembro de 2011

A sucessão partidária é apenas um padrão: Já demonstrou não ser a solução

José Sócrates foi-se.
George Papandreou prepara a sua demissão (diz-se).
Zapatero seguir-se-á.
Itália sai à rua para pedir a demissão de Berlusconi.
Segundo as sondagens, tanto Sarcozy como Merkel preparam-se para fazer parte da história.

A minha questão, muito simples, não tem a ver com os políticos mencionados mas sim com aqueles que já ocupam ou se veem a ocupar os cargos deixados vagos: acreditam eles que a continuar as políticas medíocres que nos trouxeram até aqui conseguirão ter um destino diferente dos seus antecessores? E, no entanto, as políticas dos sucessores são precisamente as mesmas – moldar os respetivos países de forma a se adequarem a mercado acéfalos e insaciáveis. Deverão, os sucessores, pensar muito bem se o negócio de ser escorraçado da política será indefinidamente lucrativo pois, até isso, o povo vai começar a compreender e a agir para que se acabe com este comportamento vergonhoso que faz enriquecer ex-políticos apenas porque leis corruptas, feitas pelos mesmos, o permitem.

Para restringir o meu exemplo tomemos o caso do nosso país: Um líder da oposição recusa-se a aceitar a criação de mais impostos e sacrifícios às pessoas. A oposição vota unanimemente o chumbo do PEC 4, sabendo, de antemão , que isso conduziria à queda do governo. Há eleições e o líder da oposição torna-se primeiro-ministro. O que acontece? A política muda? Pelo contrário, verifica-se um embuste total. A carga fiscal sobre as pessoas torna-se mais pesada e os sacrifícios aumentam duma forma nunca antes vista. Então o que motivou o atual primeiro-ministro a agir da forma que agiu enquanto líder da oposição. Só resta a hipótese da existência dum motivo pouco nobre, o que, novamente vai de encontro ao que tenho observado na já “longa” sucessão de cargos políticos no nosso país.

Mudam os nomes, as políticas são as mesmas e, perdoem a repetição, os dirigentes políticos limitam-se a adequar os seus países aos mercados: acéfalos e insaciáveis. Ao conseguirem este objetivo, são vistos como políticos / gestores competentes, os seus países encaixam nos parâmetros do progresso e o resultado final é uma fotografia bonita; um instantâneo que não tardará, todavia, a empalidecer. Não é usual questionar que conceito de sucesso é este cuja essência assenta em mercados onde a dignidade do elemento humano é um aspeto totalmente descabido. Fundamentalmente, as políticas das caras novas são as mesmas desde há décadas. A diferença talvez surja na escala: os mercados e as imensas riquezas cresceram; encontram mecanismos mais sofisticados de criar fortunas sem ser necessário produzir rigorosamente nada. E é na adequação a este ambiente doentio que se mede o sucesso de cada país, de cada líder político.

O paradigma atual (efetivamente já é muito velho e está totalmente esgotado) - uma mera sucessão de caras e cores partidárias - não levará a nada de bom como hoje em dia se comprova com os resultados qualitativos e quantitativos obtidos. É preciso um novo paradigma, uma nova forma de abordar a sociedade humana e a relação entre as várias nações. Sem essa capacidade de inovar, as nossas sociedades manter-se-ão na era do preto e branco.