Parece que a apresentação do processo Face Oculta em PowerPoint por parte do Ministério Público terá deixado alguns advogados de defesa muito irritados por, eventualmente, terem considerado o momento um Show Off para jornalistas.
Como costumo fazer inúmeras apresentações em PowerPoint, tendo a considerar a situação perfeitamente banal. Assim sendo, sem me querer sobrepor à opinião dos Senhores Advogados, acho que deveriam concentrar-se no seu trabalho e deixarem o seu próprio Show Off para jornalista ver ou, quem sabe, desviar atenções.
Numa palavra: verdadeiramente nada disto me preocupa no processo.
Preocupa-me, em primeiro lugar, que as escutas do processo tenham sido... como direi, sonegadas?
Preocupa-me que o Presidente do Supremo Tribunal da Justiça, Noronha do Nascimento, esteja acima de qualquer mecanismo que vise uma justiça transparente pois foi ele próprio, que decidiu a destruição das escutas e foi avisando que a sua decisão não era “sindicável”. Quanto poder concentrado apenas num homem – deve ter sido um momento de êxtase inolvidável.
Preocupa-me que os procedimentos processuais consentidos nas ininteligíveis e absurdas leis portuguesas permitam que este processo se arraste – como sempre – e que, no fim, se comece a falar insistentemente de prescrição de prazos, etc..
Preocupa-me o divórcio que existe entre a lei e alguns conceitos fundamentais: celeridade, eficiência, competência e bom senso.