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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Contas da ONU para português ver

Portugal foi considerado pela ONU o 41º país mais desenvolvido entre 187 países estudados pelo Relatório para o Desenvolvimento Humano das Nações Unidas e que foi hoje divulgado. Tanto a Grécia (essa mesmo, a do vulcão em plena atividade) como a Hungria são países considerados semelhantes (?) a Portugal. Este esclarecedor relatório mostra inequivocamente (desculpem lá os que têm vergonha de dizer ou necessitam esconder) a desgraça de sociedade humana que criamos neste planeta capitalista e globalizado.

Para chegarmos a esta posição foram considerados fatores como a esperança de vida (Ok), a escolaridade (?) ou o rendimento nacional bruto por pessoa (só pode ser piada de MUITO mau gosto).

Quando comparado com o ano passado, Portugal desce de 40º para 41º, mas o número de países que integram a tabela aumentou de 169 para 187 (venha daí a discussão: mérito ou desmérito? de Sócrates ou de Passos?).

Nos últimos 30 anos, entre outras coisas, o rendimento nacional bruto por pessoa cresceu 76% (isto já parece os encravanços dos nossos orçamentos de estado – então e a inflação subiu quanto?)

Outra conclusão que tem dado que pensar aos mais atentos é a questão da esperança de vida na Grécia ser superior à de Portugal. Será por essa diferença mínima – inferior a seis meses – que os políticos passa a vida a insistir que “Não somos como a Grécia”. Mas não, a verdade é que os gregos ganham mais que os portugueses! Mas, claro está, não somos os piores: na realidade, se não fosse este valioso e esclarecedor relatório muita gente estaria convencida – por uma questão de experiência pessoal - que éramos o povo mais mal pago da Zona Euro e das outras zonas todas.

Dos 3 países “semelhantes”, Portugal surge na cauda no que respeita a escolaridade média. Não é possível fazer um estudo sério, de base científica, para compreender melhor esta questão? Sei lá, descobrir fundamentadamente se o português tem algum gene esquisito, meio torto… é que isto não pode ser só coincidência! Estamos sempre na cauda quando se fazem estas comparações: Língua materna, uma lástima; Matemática, uma vergonha… o português “não tem cabeça para os estudos” e por isso abandona?

Quanto à língua materna sugiro o seguinte: Não um acordo, mas uma revolução ortográfica total, feita por gente com raciocínio lógico normalmente funcional e não pelos artistas de sempre. Ok! Caiam-me em cima à vontade… a verdade é que já não suporto ver torturar as criancinhas com a miserável ortografia da nossa língua: uma mesma letra pode valer tudo e mais alguma coisa, as regras são imensas, embora não tantas quanto as exceções às regras. Enfim, está montado o circo que faz com que se possa ler corretamente uma palavra que, no entanto, assombrosamente, está mal escrita… e as pobres criancinhas não percebem porquê... se quando a lemos está bem… mas enfim, o raciocínio não é definitivamente para aqui chamado – também não parece ser o ponto forte do português.

Já alguém se perguntou porque é que os Finlandeses brilham sempre – usualmente nos primeiros lugares – nos índices internacionais de escrita da língua materna? De forma muito simplista, é uma língua em que o grau de coincidência entre as formas escrita e falada é elevado? Assim, dá para perceber, não?

Mas o português prefere passar anos e anos a substituir a aprendizagem de conteúdos interessantes e que poderiam despertar a curiosidade no cérebro das crianças pelas infinitas repetições – a que damos o nome de ditados – até que a absurda forma escrita comece a entrar na cabeça. Quando isso acontece, já a criançada está mais do que farta e acredita, pela traumatizante experiência vivida, que estudar é isso mesmo...

Desculpem-me, uma vez mais, mas facilitaria que a língua fosse “tendencialmente” um código. Uma vez aprendido saber-se-ia escrever. Estou a falar estritamente de ortografia.

Prosseguindo com o relatório da ONU: Sempre com base nos 3 maravilhosos países, estamos consideravelmente à frente no que respeita às desigualdades… imaginem só o que será depois do Orçamento de Estado de 2012. Vamos dar uma vela à China (será que já estamos à frente deles? Confesso a minha ignorância… mas como isto está, tudo é possível). De todos os países constantes do estudo estamos em 19º lugar. Aqui está, em números concretos, a vergonha social que representa este país e que resulta da caldeirada entre poderes políticos, financeiros e (in)justiça (a tal a quem roubaram um dos pratos da balança… há já muito tempo): tudo muito bem untado em corrupção (afinal personificamos melhor que ninguém o país do senhor Cunha).

Entre vários outros índices, Portugal volta a bater os seus pares no número de mães solteiras. Pelo que devo deduzir que a sede de ir ao pote sem estar preparado não é uma caraterística exclusiva do político português. Também neste caso deverá andar por aí um gene tipicamente português.