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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Família Versus Estado

Num artigo do “Dinheiro Vivo “ formula-se a seguinte pergunta: “IRS em 2012: Compensa estar casado? Ou nem por isso?”

Não sendo eu um conselheiro matrimonial – afirmação que faço com a mais profunda e sentida convicção – deixo-vos apenas alguns aspetos qualitativos e quantitativos deste artigo:

Os casados têm direito a metade dos abatimentos de IRS do que os que vivem em união de facto (os que abdicaram do padre e do funcionário do tribunal e etc..), vulgo “juntos”: A apresentação separada de declarações de rendimentos é muito compensadora. Como se não bastasse, o Orçamento de Estado para 2012 irá aprofundar as diferenças entre casados e “descasados”. Para rendimentos semelhantes, um casal em união de facto que apresente declarações de rendimentos separadas pode conseguir o dobro das deduções à coleta e benefícios fiscais relativamente a um casal “de papel passado”. Finalmente, a diferença pode ser agravada se no meio do tornado surgirem criancinhas.

Conclusão: É fatual que o estado apresenta um comportamento punitivo, quase mercenário, para casados. Um dos aspetos curiosos deste comportamento estatal é que nada tem a ver com a sensibilidade dos governantes sobre o próprio assunto: ou porque andam distraídos ou porque a sensibilidade não é um dos seus pontos fortes.

Ora, em tempos de crise convém pensar bem se vamos ou, melhor ainda, se temos verba para gastar. Assim, a questão do casamento, de acordo com a cartilha estatal, não deve ser vista numa perspetiva “tradicional” mas, antes, como quem encara um balanço empresarial favorável.

É nesta perspetiva que alerto para algumas das desvantagens do casamento:

Despesas associadas ao ritual do noivado ou, doutro modo, prendas e prendinhas, surpresas, etc..

Despesas “processuais” iniciais (padres, igrejas, funcionários de tribunais, etc..).

Festa de casamento, porque não é habitual pedir à malta que cada um leve uns refrigerantes, bolos, salgadinhos e outras coisas do género.

Aumento exponencial de prendas em ocasiões festivas as quais, por sua vez, também aumentam exponencialmente (não esquecer que, e isto é dos livros, um casamento nunca é feito entre duas pessoas; na realidade há uma multidão envolvida: sobrinhos(as), primos(as), tios(as), sogros(as) e a lista pode ser penosamente interminável).

Perda de deduções à coleta e benefícios fiscais que aumentam acentuadamente a probabilidade de depressão profunda, o que, por sua vez, leva a situações de desarmonia do casal e que fazem com que os cônjuges pensem muitas vezes onde é que estavam com a cabeça quando disseram que era para sempre… nos bons e nos maus momentos!

Depois de enumerar algumas desvantagens, assim mais evidentes, associadas ao casamento “tradicional” poderia, por uma questão de imparcialidade, listar algumas das vantagens. O problema é que, assim à primeira, não me ocorre mesmo nada; por isso termino por aqui, relembrando apenas: há que fazer bem as contas em tempos de crise e não tomar decisões precipitadas afinal, como dizia um spot publicitário já bem antiguinho, “A tradição já não é o que era”!