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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Euro: preso por ter cão e preso por não ter!

A UBS AG é uma empresa de serviços financeiros. No fundo é um banco privado e um banco de investimentos. Entre outras atividades gere fortunas na Suíça. Exemplo: gere a fortuna de cerca de metade dos bilionários asiáticos. Conseguem entender? Alcançar a dimensão?

Vai daí que, embora sejam um pouco imprevisíveis as consequências da saída dum país da Zona Euro, o UBS – ao qual já percebemos que não lhe falta cash – deu-se ao trabalho de fazer umas continhas (a fonte original da notícia que se segue é o Diário Económico):

Um país economicamente enfraquecido – Exemplos meramente académicos: Grécia ou Portugal - ao abandonar a nossa querida moeda única, teria de suportar um custo entre os 9500€ e 11500€ por pessoa no primeiro ano (qualquer coisa como entre 792€ e 958€ por mês). Os custos anuais seguintes situam-se entre os 3000€ e os 4000€ por pessoa. Donde se conclui que ao sairmos da moeda única só no resta, como modo de vida, a zona inferior das várias pontes existentes no país.

Assim, o UBS concluiu que abandonar a zona euro é "muito caro e difícil". Gostaria de saber quantos milhões terão gasto para chegar a esta inusitada conclusão! Mas como já ficou claro, dinheiro não é problema (porque é que esta expressão parece tão estranha?).

Além disso, legalmente, o Tratado de Lisboa admite a possibilidade de um país negociar a sua saída da União Europeia, mas não da moeda única. O vice-versa é que parece não estar contemplado, isto é, abandona a moeda logo é votado ao ostracismo. Desaparece. A União vira-lhe as costas. Não sei se será bem assim…

Já que falamos em virar as costas, convém também lembrar que todo o Europeu que se preze tem vivido estes anos todos assim meio de lado para qualquer um dos seus vizinhos. O abraço Europeu é um conceito que se situa mais na área da ficção científica. A questão é que cada um de nós pensa – mas não diz, evidentemente - que os países vizinhos são meios esquisitos, têm uns hábitos tendencialmente aparvalhados, há qualquer coisa que não bate certo com essa gente. Nós é que somos os normais no meio desta malta toda… talvez pior do que isso, é a verdadeira clivagem entre ricos e pobres que, segundo os pobres resulta do embuste, premeditado, criado pelos ricos (cuja única e verdadeira intenção foi a expedição dos seus produtos) e segundo os ricos deve-se a que os outros não passam de um bando de preguiçosos, gastadores e gestores de capacidade nula. Deve ser por isso que um político alemão, que não faço questão de pesquisar quem é, sugeriu qualquer coisa como colocar as bandeiras dos países devedores a meia haste. Um pouco irritante este homenzinho. Se não fosse a maldade implícita, não me teria esforçado explicitamente para afastar de mim o pensamento de que isto seria uma reminiscência das marcações feitas aos Judeus no outro regime. Enfim, é de toda esta lamentável e sempre desavinda Europa de que falamos.

Há ainda uma outra situação perversa: é que a dívida do país manter-se-ia em euros, enquanto os seus ativos passariam a ser contabilizados naturalmente na moeda nacional. Ora, por estas alturas, com uma moeda tão desvalorizada, nem que produzíssemos o dobro dos chineses pagaríamos a dívida. Acrescentemos a isto que a exportação para os ex-colegas europeus tornar-se-ia muito mais complicada por uma mera razão de antipatias recentemente criadas.