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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Rewind 2: O Grande Passos Coelho

O PEC IV foi chumbado pela oposição na AR pelas 20h do dia 23 de Março de 2011 com severas críticas ao governo por parte da oposição. Embora os partidos da oposição não coincidissem manifestamente sobre as medidas contidas nesse pacote, coincidiram – todo o espectro político – no sentido da votação. Argumentos a reter para que se desse o chumbo:

A necessidade de mudança de rumo e da política.
O Partido socialista teve uma falha gravíssima ao apresentar o PEC 4 em Bruxelas sem a aprovação do parlamento.

O Primeiro-ministro e o Presidente da República reúnem-se durante 21 minutos no Palácio de Belém e José Sócrates apresenta a sua demissão.

Simultaneamente, a OCDE chamava a atenção para o stress que o chumbo do PEC 4 causaria nos mercados, afirmando que a queda do governo português traria uma grande crise política que afetaria todos os portugueses.

Voltemos atrás, a 11 de Março, antes da Cimeira de Líderes Europeus, O PEC IV foi apresentado em Portugal.

Num artigo do Povo Livre – meio  de comunicação Oficial do PSD - o presidente do PSD, refere-se que Pedro Passos Coelho, foi informado, num breve telefonema de Bruxelas, de José Sócrates, na quinta-feira à noite (10 de Março), que o Senhor Ministro das Finanças apresentaria no dia 11 de Março “estas medidas" (PEC 4).

Pedro Passos Coelho profere as seguintes palavras em Viana do Castelo no dia 12 de Março (que também estão registadas no Povo Livre):

"A oposição, reunida na véspera a discutir uma moção de censura no parlamento, não soube de nada. Eu próprio recebi um telefonema apenas na véspera a avisar que iam ser apresentas novas medidas de restrições. Os parceiros sociais que estiveram reunidos em concertação social com o Governo foram também surpreendidos". Acrescentou: "Não é normal em democracia o desprezo pelas instituições e pelas pessoas" que o Governo tem demonstrado neste processo. É uma falta de cultura democrática que temos que ultrapassar no futuro".

O tempo decorreu e muito foi dito sobre esta falta de respeito por parte do governo em informar quem quer que fosse.

A este propósito, Luís Filipe Menezes, escreveu um artigo no JN intitulado “Minto, logo existo”. Nesse mesmo artigo questionava: "Como é possível avançar com medidas tão gravosas e estruturais no dia seguinte ao debate e rejeição de uma moção de censura, sem ter dado uma pista, uma informação, uma indiciação aos deputados. Como é possível os partidos não terem sido formalmente chamados, cumprindo-se a formalidade mínima de avisar o líder da oposição através de um lacónico telefonema?"

Entretanto passou-se um mês desde a data do anúncio do PEC 4. A 11 de Abril, Pedro Passos Coelho é entrevistado por Judite de Sousa na TVI. Confrontado com a existência de uma reunião pessoal com José Sócrates, a pedido deste, e onde terá sido informado sobre as medidas do PEC 4 ao longo de 3 a 4 horas, engole em seco.

No programa Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, Pacheco Pereira quis saber o que teria acontecido nessa reunião entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho, um dia antes do primeiro-ministro apresentar o PEC 4 em Bruxelas. Considerou que “nada disto encaixa” e acrescentou “Nunca tinha recebido, nem ninguém no grupo parlamentar [do PSD], um SMS a dizer 'não façam nenhuma declaração sobre esta matéria', durante o dia da reunião europeia. E quanto à razão era para não prejudicar a negociação governamental, entre o Governo e Bruxelas, e não criar nenhum pretexto com qualquer declaração”.

Imagino que a conquista do poder só pode ser muito excitante, senão, como explicar este gigantesco e prolongado blackout ético?

Resultado: Alvo abatido e o resto é história.