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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Cristiano Ronaldo

Portugal joga hoje o primeiro jogo do playoff com a Bósnia. Um título do JN afirma: “Cristiano Ronaldo faz gesto ofensivo aos adeptos bósnios”. Isto aconteceu durante um treino realizado pela seleção nacional na Bósnia.

Convém esclarecer que não sou advogado, muito menos de Cristiano Ronaldo. Admiro-o enquanto atleta. Do que sei, está cabalmente demonstrado que é um sobredotado enquanto tal, quer se goste ou não. Não o conheço pessoalmente; ouvi aqui e ali uma ou outra das suas curtas declarações antes ou depois de jogos e vi um programa sobre ele. Com esse material não sou honestamente capaz de dizer que o rapaz seja arrogante, como é apontado por alguma gente do futebol e, particularmente, por adeptos de equipas adversárias. Percebo na sua forma de ser uma elevada autoestima e, quanto a isso, o mais que posso dizer é que a maioria das pessoas não a tem; mas também não tem aquilo que contribui para essa autoestima, por isso, é impossível avaliar positiva ou negativamente essa atitude. Se um rapaz com a sua idade tem o conhecimento claro e correto de que é, há já alguns anos, um dos melhores do planeta naquilo que faz, há alguns parâmetros que serão necessariamente reajustados relativamente a um rapaz “comum”.

Já vi escrito em entrevistas, jogadores adversários que afirmam que se tiverem de entrar às pernas de Cristiano Ronaldo não hesitarão e já li sobre jogadores, treinadores, gente do futebol e adeptos que julgam o carácter de Cristiano Ronaldo com uma soberba tal que se torna evidente que pouco ou nada estão a dizer sobre o visado mas muito dizem de si próprios.

Depois há a questão basicamente estéril, mas terrivelmente apetecida, pois vende imensamente - Quem é o melhor do mundo: Cristiano ou Messi?

Dirão as estatísticas e as métricas mais ou menos científicas que um é melhor numas coisas e o outro noutras e que, além destes dois jogadores, que por acaso até nem são os únicos no mundo do futebol, ainda há muitos outros que terão alguns parâmetros superiores a qualquer um destes dois.

Quando vejo um jogo de futebol, atividade a que não me dedico com particular frequência, gosto de apreciar equipas e jogadores porem à prova as suas qualidades singulares. Felizmente, já vi bons jogos com várias equipas e vários jogadores. O Cristiano e o Messi são, entre outros, dois eleitos.

Acredito num valor que se eclipsou do inconsciente coletivo da humanidade: o respeito pelo outro. Ora, a verdadeira questão do artigo do JN - adeptos de uma equipa adversária em permanente atitude de provocação - está longe de se encontrar materializada no seu título.

Decorre daqui, que discordo do título da notícia do JN: o gesto de Cristiano, desagradável por si só, não foi ofensivo, pois ele não tomou a iniciativa de ofender ninguém; trata-se de um gesto de alguém que está evidentemente saturado, pois desde que chegou a um determinado país tem sido constantemente provocado por gente, essa sim, arrogante, malcriada e sem qualquer noção elementar do que será o respeito pelos outros. E isto tem acontecido de forma permanente ao longo de anos: dá para perceber a essência do que aqui se passa?

Nestas ocasiões lembro-me de uma entrevista do presidente da UEFA que dizia que os árbitros protegiam o Messi e que ainda bem que assim era, pois era a forma do seu melhor futebol poder vir ao de cima. É pena, pois nunca iremos ver o melhor do futebol do Cristiano Ronaldo e de tantos outros jogadores vir ao de cima  pois não gozam dessa proteção específica.

Nestas ocasiões pergunto-me por onde andará a UEFA quando um dos grandes atletas é constantemente perseguido com provocações insultos.

Pois claro: a UEFA pura e simplesmente não está. É uma instituição em cuja isenção duvido que alguém acredite e, tal como a FIFA, nos últimos anos fez zero para que o jogo fosse mais justo e limpo. Condena arbitrariamente, quando lhe apetece e, além disso, sem qualquer relação com os seus próprios regulamentos.