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segunda-feira, 25 de junho de 2012

A única medida do governo começa a dar resultados


Perdoem-me a memória seletiva mas, tanto quanto me lembro, a única medida conhecida do atual governo - embora não a possa rotular de digna de registo - consistiu em convidar compatriotas a desandarem lá para fora, ou seja, “se querem melhor vida, emigrem, porque em relação ao pouco que resta por cá, já nós nos afiambrámos!”.

Parece que as remessas dos emigrantes portugueses ascenderam aos 822,4 milhões de euros entre Janeiro e Abril, valores que não se verificavam há dez anos.

Quanto à questão deste convite ao “Xô, põe-te a andar”, dirão alguns observadores menos atentos “Não é verdade. Atenção que já se tomaram uma série de medidas de contenção, etc., coisa e tal!”. Pois é, mas se fôssemos ver, de maneira objetiva e consequente, como é que o governo tem feito este exercício de equilíbrio das contas públicas, o melhor que poderíamos fazer era deitar as mãos à cabeça e… sei lá, talvez rezar… pelo menos é o que muita gente faz quando se esgotaram todas as alternativas!

É digno chamar de medida de equilíbrio das contas públicas vender o nosso património? Passar para mãos estrangeiras o que sempre foi português? E que seria importante que se mantivesse como tal? Acho que a nossa história, noutros tempos, chamaria TRAIÇÃO a esta forma ignóbil de agir. Mas dirão: “os tempos são outros, a economia está globalizada, as empresas não têm nacionalidade…”. Blá Blá Blá! Se isso é verdade porque é que são as empresas dos países poderosos que andam a comprar tudo? Até as dívidas dos embeiçados?

O governo deveria ser apenas o eficiente gestor e zelador de uma grande empresa que é o estado e que é de todos nós, os portugueses. Nós produzimos riqueza (muita ou pouca) e eles deveriam geri-la com competência! Nestas circunstâncias, vejo com maus olhos que o governo se desfaça daquilo que também é meu. “Não admito que ele desbarate o meu património”. Considero que estou a ser desautorizado, roubado, por gestores de quinta categoria que estão a esvaziar a empresa portuguesa apenas para mascararem, de forma totalmente desonesta, balanços anuais. Deveria ser crime, com direito a exílio. Em função disso, empobrecem o estado, e simultaneamente ganham muito bem, têm muitas regalias e preparam o seu sumptuoso futuro com os contactos importantes que adquirem enquanto detêm os cargos.

A propósito da “visão cabotina” que é pretender que existam “empresas portuguesas”, repito aqui palavras do presidente do BPI: “não deixem que aconteça à EDP o mesmo que aconteceu à Cimpor”. Fernando Ulrich “quis fazer votos para que a EDP continue a ser de base portuguesa e comandada a partir de Lisboa”. Sobre a TAP, Ulrich indicou que ter uma companhia de bandeira portuguesa é importante “para um país com esta ambição de estratégia na economia global e com quatro ou cinco milhões de portugueses espalhados por esse mundo fora”.

Pormenores!

Enfim, para alguns vender não custa nada, antes pelo contrário, o máximo que alguma vez saberão do mundo empresarial é que vender significa ganhar dinheiro, muito dinheiro, e amizades poderosas, muito poderosas, dos que compram… que, provavelmente mais tarde, serão empregadores que pagarão ordenados indecorosos.

Além do mais, para a generalidade da classe política, caracterizada por uma ausência total de currículo no que à gestão diz respeito, tanto a génese como a importância da manutenção dessas empresas em mãos nacionais é-lhes totalmente indiferente. Trata-se, essencialmente, de uma questão alienígena, nem surge…

Relevante é vender, à boa maneira da nobreza em estado de decadência extrema! Não criam nem nunca criaram nada, sabem apenas desbaratar o trabalho dos outros, empobrecer o estado e entregar importantes centros de decisão a acionistas de outros países.

Resta-me a esperança de que, pelo menos, a história os recorde de maneira isenta, científica, com os adjetivos adequados!