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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Portugal no bom caminho: mensagem subliminar!


PC:

Segundo o PM (primeiro ministro, claro está), PC (Passos Coelho, obviamente), "Não há nesta altura nenhuma intenção do Governo de tornar mais exigente o quadro de austeridade sobre os portugueses". Apesar desta garantia de PC, que seguramente tranquiliza todo e qualquer português (desde os atentos até os que nem por isso), logo de seguida complementa (ou contradiz?): “Procuraremos dentro da margem do próprio orçamento amplificar a nossa margem de segurança de modo a que os portugueses sejam o menos penalizados possível por quaisquer outras medidas que tenham que ser adotadas”. Espantoso! Tudo isto embrulhado no mesmo discurso. Estamos mesmo a ver o que é que estas margens e amplificações de margens significam para o portuguesinho pagante e não queixoso (pelo menos de forma audível). Lá pelo meio ainda teve tempo para confessar o que ninguém nunca terá sequer imaginado: "O que posso dizer aos portugueses é que o exercício orçamental será mais exigente e difícil do que estávamos à espera”. Ou seja, afinal, como todos os governos miseráveis que temos tido desde tempos imemoráveis, também este não sabia ao que vinha! Mas, era vê-los na campanha eleitoral, cheios de certezas quanto à receita para salvar a nação, ao estilo de “Perca 20 quilos numa semana sem ter de fazer dieta!”.

FU:

Também o presidente do BPI, FU (Fernando Ulrich), afirmou que há sectores de atividade e segmentos da população "que ainda têm alguma margem de manobra" para uma eventual aplicação de mais medidas de austeridade.

Pergunto-me: porque será que anda toda a gente a falar de mais austeridade. Deveremos acreditar que se trata simplesmente de uma questão meramente retórica de mentes superiores que coincidem no tempo? Hmmmm… duvido…

Por outro lado, o que FU diz é óbvio: há setores e segmentos de população que podem e moralmente deveriam COMEÇAR a sentir minimamente algum efeito da austeridade com que se combate a tal crise! Lembro-me, assim de repente, dos ricos assalariados e altamente privilegiados do estado (políticos, juízes, médicos, etc.), gestores públicos ou privados (tal como, por exemplo, o Próprio FU) que têm rendimentos faraónicos e para os quais a crise não passa de um tópico interessantíssimo de discussão e sobre a solução da qual têm opiniões muitíssimo relevantes e melhores do que as de todos os outros!

Era bom que a crise descesse da cabeça desta gente e se situasse mais para a zona da barriga. Aí, talvez estivessem em condições de decretar algumas medidas honestas (para o que muito contribuiria se fossem solidárias, repartidas o mais igualmente possível por todos), humanamente aceitáveis, de combate à crise.

Embora o discurso de FU não seja combinado com o de PC, afirma que: "há mais margem de manobra" na economia portuguesa para a imposição de eventuais medidas restritivas do que há um ano. Note-se bem: outra vez a conversa das “margens”!

FU afirma, ainda, que a diminuição das receitas fiscais recentemente divulgados não alteram a avaliação positiva que faz da evolução da economia ao longo dos últimos meses. Além disso, elogiou o trabalho do Governo após um ano de mandato no reequilíbrio das contas públicas e classificou de "impressionante" a evolução do país desde a assinatura do memorando com a 'troika'.

Por fim, esta mensagem subliminar de união pela causa portuguesa, ricos e pobres unidos pelo bem da nação, os primeiros apreciando os aspetos apetecíveis da vida, os segundos trabalhando e pagando a crise... porque não têm outro remédio (leia-se, voz, poder):

"Quando vou ao estrangeiro, verifico que as pessoas têm uma imagem diferente de Portugal, talvez ainda não tão forte como merecemos, mas não tenho dúvidas que já muito melhor do que era antes". Para enfatizar a mensagem subliminar, conclui que a moeda única europeia é "alvo de inveja".

Assim, ficamos todos mais aconchegados no leito da mãe pátria!

Já agora, só uma questão, completamente a despropósito bem sei, mas já nem sei o que pensar sobre o descaramento incomensurável dos nossos ilustres gestores / governantes:

"Não seria possível fazer tudo isto, austeridade, apertar o cinto, emagrecer o estado, cortar gorduras, etc., sem andar em BMW’s topo de gama, pagos pelos portugueses, incluindo aqueles que ganham 500 e 600 euros; os que não têm dinheiro para tratar da sua saúde e, como tal, vivem necessariamente doentes, sem qualquer alternativa".

Ok, a vida, a dor, o desespero, a ausência de alternativas, a impossibilidade total e real de esperança de tantos é um assunto irrelevante. Sendo assim, vivam as frotas topo de gama, os cartões de crédito, as regalias, o luxo, as ajudas de custo sobre ajudas de custo, os restaurantes de luxo – na assembleia e por onde calha – pagos por dois tostões. Vivam as indecorosas benesses e viva este país de terceiro mundo – acho que esta é uma causa bem mais explicativa da nossa crise: a mentalidade terceiro-mundista dos nossos ilustres dirigentes, traduzida numa insaciável e interminável gula. A sangria não pára desde há séculos!